terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

AO BACHAREL MARCIO JOSÉ RODRIGUES FILHO

MARCIO JOSE RODRIGUES FILHO - Colação de Gau  UFSC (20/02/2014)


Nosso caçula é bacharel em direito.
Parece que nem faz tanto tempo que ele corria pela casa dando trombadas nos móveis e objetos ou quebrando sem dó o bracinho do meu precioso toca-discos Thechnics.
As primeiras ausências do lar, o jardim de infância, as aulas do primário no Jerônimo Coelho e a formatura do primeiro grau no Colégio Stella Maris.
Depois, as naturais rusgas como um adolescente bem alimentado e irrequieto, imaginativo e sonhador, quase sempre alegre e risonho, mas turrão quando se achava tolhido de algo que queria.
Aí aparecia o "aborrecente" insistente e teimoso, nada que quaisquer pai e mãe já não tenham vivido.
Então já eram quinze anos, a primeira namorada, as saídas preocupantes para as festas, nossas madrugadas insones, a primeira bebedeira e o sermão, como se a gente nunca tivesse passado por isso.
Enfim, o afastamento maior para morar sozinho em outra cidade, as preocupações da distância, os problemas do existir quotidianamente, o medo das drogas, um caminhar sempre atribulado de pais que, mesmo fazendo a experiência quatro vezes, com os quatro filhos, sofreriam as mesmas angústias, mesmo que fossem vinte.
Enfim, nessa quinta-feira que passou, vivenciamos de novo como se fosse a primeira vez, a emoção da colação de grau na universidade, uma felicidade que não tem medida, nem tamanho de gratidão para com Deus. Um privilégio, infelizmente, para poucos brasileiros, reconhecemos e, por isso, valorizamos ainda mais. Nesse momento, pensamos em nossos anjos aliados, os professores que o forneceram o conhecimento que nós não saberíamos dar. Os amigos que o apoiaram em horas difíceis, a família sempre unida e presente, os irmãos e aquele que sempre estava mais perto, o mano mais velho.
Nosso bacharel recebeu nota máxima em seu “Trabalho de Conclusão de Curso”, passou na prova de primeira fase da OAB e agora de novo, esperamos o resultado da segunda fase, com muita esperança.
- Filho, sabemos que tens a graça de uma inteligência aguda e inquiridora, que te preocupas com a justiça e o equilíbrio da justiça entre as pessoas.
Lembro agora de algo que li sobre os tribunais da antiga Atenas. Quando um acusado não tinha provas em seu favor, podia ser salvo por um “Paraclito”, cidadão honesto e de comportamento ilibado, que simplesmente se postava ao lado do réu, em silêncio, diante do tribunal. Bastava este apoio sem nenhuma palavra, para que o cidadão fosse absolvido.
O Paráclito, “aquele que fica ao lado” é a imagem adotada pelo cristianismo, para o Divino Espírito Santo, o supremo advogado diante do tribunal de Deus.
Esse é o colega que te acompanhará durante toda tua carreira, eu assim peço a Deus e, a ti, que O  acolhas.
Gostaríamos (e agora falo também pela Mãe Graça)  que pautasses tua vida profissional pela verdade, a justiça, a liberdade e principalmente pelo amor, sendo também aquele que se posta ao lado dos inocentes.
Feliz jornada.




ADEUS, AMIGO CLÁUDIO DIAS DE CASTRO RAMOS

ALBUM DE FAMÍLIA - Cláudio e Cecy, com filhas e netas.


  Estávamos em Florianópolis na última quinta-feira, para a formatura do nosso caçula Marcinho, na Faculdade de Direito as UFSC, o que ocorreria poucas horas depois.
Acordado, estava pensando no Cláudio e na Cecy, na vida deles e da nossa, na amizade de tantos anos.
Pensando no Cláudio, pelo ser humano que ele representou como o topo da evolução na escala da qualidade do ser.
Jamais conheci assim de perto alguém que tivesse tanta semelhança com a imagem do modelo planejado por Deus. Um homem tão grandioso quanto humilde e bom. Também não conheci alguém que fizesse da própria vida uma busca tão incessante da perfeição como humano, essa secreta paixão que ele alimentou pelo Deus que morava permanentemente em se coração.

Um homem sereno e calmo, mas corajoso como um profeta, capaz de romper com laços estabelecidos, na sua caminhada para o superior, o atemporal, o infinito. Um apóstolo que lançou todos os valores na caridade, no amor e na fé, tudo o que possuía, e como o conheci, posso testemunhar que jamais esperava algo em troca. Satisfazia-se completamente com uma secreta felicidade de ter feito algo de bom.
Nobre em todos os aspectos, soube vislumbrar em sua amada Cecy, a mulher capaz de seguir com ele a jornada de seguir a vida a dois, na mais perfeita cumplicidade de viver com amor, um eterno noivado, com sobras generosas para repartir com a família, os amigos e as pessoas, enfim.

Lamentamos não podermos estar pessoalmente presentes nestes momentos de dor, especialmente com Cecy, a quem abraçamos com amor e fraternidade.
Pessoalmente, também, sinto-me desprovido de méritos e grandeza para acrescentar qualquer coisa sobre este nosso amigo, mas de qualquer forma, a tristeza também vem agora dizer que é preciso sentir a sua perda.
Agradecemos ao bom Deus, nosso Pai, a graça de ter cruzado nossos caminhos e assim eu tivesse evoluído um pouco mais como ser humano, ao privar da amizade e da convivência com essa família. Acho que continuarei me inspirando em meu amigo, para seguir melhor o tempo que Deus me destinar ainda existir.

Um abraço de sentimento, de amizade e de amor a toda a querida família de Cláudio e aos amigos sinceros que ele cativou. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

SÍNDROME DAS JANELAS PARTIDAS

                                                                       
                                                                                                                          por márcio josé rodrihues

Há uns atrás, pesquisadores da Universidade e Stanford nos Estados Unidos, George Kelling e James Wilson fizeram uma interessante experiência em comportamento humano. Abandonaram dois automóveis iguais em dois bairros diferentes. Um em Nova York, no Bronx, bairro mais violento e pobre da cidade. O carro foi depredado no mesmo dia, desmontado; roubaram tudo que era possível, desde motor, rodas, bancos, rádio, peças e o que não podia ser levado foi destruído.
O outro veículo foi abandonado em um bairro classe A na cidade de Palo Alto na Califórnia.
Alí, o carro permaneceu intacto por várias semanas, sem sequer um arranhão. Porém, a pesquisa continuou e o passo seguinte, foi quebrar-lhe uma das janelas. A partir desse momento, no bairro rico, o comportamento foi o mesmo do bairro pobre de Nova York, carro depenado, vandalizado, depredado até virar sucata.

Como explicar essa mudança de comportamento?
Quando se permite que algo pareça abandonado, o comportamento das pessoas é esse, de depredar destruir, menosprezar, desvalorizar, desrespeitar.
Já notou como em uma casa com uma vidraça quebrada sem conserto, logo, logo as outras também são destruídas a pedradas? Vândalos logo sentem-se à vontade em ocupar um edifício abandonado, transformá-lo em cortiço, destruí-lo, incendiá-lo.
Baseado nessa pesquisa o Prefeito de Nova York, Rudolph Juliani, atacou o problema dos crimes comuns no metrô, parques, praças com a famosa investida “Tolerância Zero”, onde qualquer contravenção, por menor que fosse, uma pichação, um simples furar uma fila era punido exemplarmente. O resultado surpreendente, foi o a queda drástica da criminalidade em Nova York, a um índice dos mais baixos do mundo.
Em certa oportunidade um indivíduo comum foi preso por um simples pular a borboleta do metrô. Levado à delegacia para as diligências de praxe, descobriu-se tratar-se de um dos criminosos mais perigosos e procurados pela polícia, “O assassino de Central Park”, que estuprava, assaltava, matava suas vítimas e vinha à muito tempo ludibriando a polícia. Se a contravenção da borboleta do metrô fosse esquecida, ele estaria ainda a estrangular suas vítimas, impunemente.
Mentalize a imagem de uma janela com vidraças partidas e tente traçar um paralelo entre certos fatos com os quais estamos convivendo.
Brasil, insegurança, criminalidade e impunidade.
Justiça, tolerância, proteção, demora, improbidade.
Poder público, falcatruas, escândalos, crimes.
Educação, escolas feias e carentes, professores mal pagos.
Cidade feia, abandonada, buracos, sujeira, matagal, calçadas caóticas.
Saúde, postos públicos, hospitais falidos, funcionários despreparados.
Nossa própria casa, pintura, limpeza, cuidados, apresentação.
Só pra começar uma série de artigos sobre a situação de nossa cidade.

Para saber mais:
Broken Windows – George Kelling e Ctherine Cobs.




domingo, 9 de fevereiro de 2014

UMA HISTORIA DE GATO

Imagem ilustrativa - Googlr


UMA HISTORIA DE GATO
                                         por Márcio José Rodrigues

A história que passo a narrar é verdadeira e aconteceu há uns poucos anos com uma amigo meu.
Depois que ele descobriu que tinha um câncer de garganta e sua voz desapareceu atrás de um tubo de traqueotomia mal escondido por um lenço no pescoço, seus parceiros de clube, de cervejadas e partidas de dominó foram- se afastando, rareando as visitas e por fim, desaparecendo por completo.

Foi no tempo em que um gato de rua, adotado por sua filha, apegou-se mais a ele e ele também ao animal.  O bichinho parecia entender que algo não estava bem. Passou a fazer-lhe companhia constante. Gostava de sempre estar perto e enrolar-se no seu colo, ronronando suave em troca de carinho.
Era seu único amigo, silencioso, assíduo, fiel.
Não bastasse a companhia no sofá em frente à televisão, o gato passou a dormir em seu quarto, às vezes ao se lado na cama ou debaixo dela, companheiro de todas as horas. Era sempre o primeiro a  fazer-lhe o primeiro carinho matinal. Um bom dia miado com manha e simpatia.

Seguiram-se as cirurgias, as sessões intermináveis de radioterapia, as dores, os sofrimentos, as angústias naturais de quem se encontra dentro de uma doença mortal. O bichano cada vez mais atencioso e dedicado, parecia misteriosamente compreender o drama vivido pela família.

Numa certa manhã, notaram que o gato não estava bem. Cuidaram dele o dia todo com muito desvelo e, como não estivesse reagindo, levaram-no à noite a uma emergência veterinária. Meu amigo, mesmo em estado doentio, fez questão de acompanhar, mas ficou na sala de espera enquanto sua esposa entrou no consultório do doutor.
O diagnóstico foi tão desanimador quanto surpreendente e inacreditável.

- A senhora acredita em coisas misteriosas e inexplicáveis? – perguntou o doutor, acrescentando:
- Seu gato está roubando a doença de seu marido. Ele está com câncer, vai morrer, mas seu marido vai se curar. Eu já li sobre isso, em alguns relatos sobre animais, mas não tenho explicação!

O animal não durou muito tempo e eles o faram enterrar no terreno do clube, dando-lhe uma espécie de sepultura digna como homenagem.
O que o veterinário afirmou, aconteceu!
Recentemente estive a conversar alegremente com meu amigo, já passados alguns anos da cura total e da recuperação da voz, do bem estar e de uma vida normal.

Foi quando ele me segredou este caso enquanto tomávamos um café.